Empreender é transformar a própria vida, e a realidade ao redor, por meio dos negócios. Quem abre uma empresa movimenta a economia, gera empregos, produz renda. E a liderança feminina nos negócios tem crescido de forma notável no país.
Segundo dados do Sebrae, entre 49 países do mundo, o Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os “empreendedores iniciais” e, atualmente, há 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa no país.
Na Limpeza Profissional – espaço ainda majoritariamente masculino – elas também estão crescendo no comando. A cada dia é possível encontrar mais mulheres que empreendem ou lideram negócios no setor.
Ainda celebrando o Dia Internacional da Mulher (8 de março), o portal HigiPlus traz a segunda reportagem dessa série especial , traçando o perfil de diferentes mulheres que estão escrevendo a nova história da Limpeza. Listamos o perfil de oito mulheres – fundadoras ou diretoras de empresa – para compartilhar seus desafios, trajetórias e, certamente, inspirar novos negócios.
No dia 28 de janeiro de 2020, Nathalia inaugurava um novo capítulo dentro da Limpeza Profissional. Nesta data, ela tomou posse como a primeira mulher eleita para a Diretoria Executiva (Direx) da Abralimp. Mas, sua história no setor começaria muito antes, ainda em 1986, quando seu pai, Lídio Nobuo Ueno, mesmo sem dinheiro e com três filhos pequenos, resolveu fundar uma limpadora.
Lídio faleceu em 1999, e a Paineiras foi assumida pela família. Enquanto isso, Nathalia sonhava em ser atleta, fazia faculdade de Educação Física e dava início à sua própria academia. Mas logo perceberia que aquilo não era o seu sonho.
Então, vendeu tudo e foi para a Austrália. E foi lá, do outro lado do mundo, que teve o primeiro contato real com o segmento do pai: trabalhou na função de Auxiliar de Limpeza. “Foi lá que entendi que meu desejo era dar continuidade ao sonho dele”.
Em 2008, de volta ao Brasil, abraçou a empresa, conheceu a fundo cada um de seus departamentos e, em 2015, assumiu a Diretoria Geral. “Sendo jovem, aprendi na raça. Fui ganhando experiência e o respeito dos funcionários e concorrentes”. Sobre ser a primeira mulher na Direx, Nathalia não hesita: “Meu desejo é que apareçam mais mulheres dispostas a participar. O principal é mostrar que a mulher pode ocupar qualquer posto que almeja”.
Ela foi professora, secretária e comerciária. Mas foi trabalhando num banco gaúcho que Teresinha teve a ideia que mudou sua vida.
“Percebi que, para iniciar uma empresa de higienização, o investimento inicial não era tão alto. Além disso, o número de empresas profissionais era pequeno, e eu poderia ganhar em produtividade”. Ainda assim, foi preciso coragem. O ano era 1991, período da desastrosa Era Collor, de inflação galopante e circulação de dinheiro restrita.
“Os principais desafios foram, sem dúvida, formalizar e estruturar a empresa, devido aos custos e à alta burocracia. Mas também enfrentei todos os preconceitos imagináveis para a época: discriminação de gênero, dúvidas sobre ser a dona da empresa e até falta de respeito por funcionários homens”.
Teresinha não desistiu e liderou a Celta Serviços até 2015. E, ao se aposentar, deixou um valioso legado: a sequência de lideranças femininas. “Hoje, temos outra mulher, a Fabiana Cobas, no comando da Diretoria Operacional. A mulher tem mais sensibilidade e mais cuidado com os detalhes administrativos. Acredito que essa resiliência é um fator fundamental para a empresa”.
Ela é a atual Diretora Operacional da Celta Serviços, empresa fundada por uma mulher – e elas nem são da mesma família. A psicóloga Fabiana iniciou na empresa como funcionária, realizando entrevistas de recrutamento, ainda no Departamento Pessoal. A partir daí, por mérito e competência, foi se desenvolvendo até chegar ao topo.
“Aprendi que empreender é um grande desafio. São vários os tropeços, e isso ninguém quer comentar. Mas é essencial trazer à tona para que outras pessoas, em especial mulheres, não cometam as mesmas falhas e acabem desistindo”.
Como Diretora, Fabiana faz questão de alimentar o DNA feminino da empresa. “Participo de grupos de Mulheres Empreendedoras para trocar vivências sobre nossos sucessos, dores e aprendizados”.
Internamente, também cultiva a ideia de empoderamento. “Incentivamos todas as nossas funcionárias a conquistar um lugar de independência, para que isso seja transferido de geração em geração”.
O que você faria se, ao dar início à abertura de seu negócio, descobrisse que está com câncer de mama? A empresária Sandra Ribeiro simplesmente seguiu em frente.
“Descobri logo no início, e como já estava com tudo em andamento para a abertura da M&S, decidi continuar mesmo sendo operada e tomando quimioterapia durante um ano”.
Sandra está há nove anos no ramo, mas não se esquece da época em que fazia quimioterapia por quatro horas seguidas e, depois, ainda voltava para a empresa para trabalhar. “Minha fé, minha persistência e meu pensamento positivo foram uma força mestra para eu continuar, pois havia pessoas, como meus filhos e meus empregados, que contavam comigo”.
Apesar dos inúmeros desafios, ela não perde o foco. “Sendo mulher ou não, empreender no Brasil é muito difícil. Mas, a cada obstáculo vencido, eu voltava às bases. Não abri uma empresa para ser igual às outras; abri para ter um diferencial estratégico e humano, e é o que tenho conseguido desde que decidi seguir em frente, apesar do câncer, e chegar até aqui”.
Vera Lucia não para: desde os 13 anos pratica esportes, se destacou no vôlei em sua cidade natal, Francisco Beltrão, no interior do Paraná e aos 21 anos se mudou para Londrina (PR), para jogar no time profissional. Só saiu porque a vontade de empreender foi mais forte.
“Em 1997, recebi o pedido de ajuda de um amigo para gerenciar uma equipe de limpeza com onze colaboradores”. O resultado foi que, em 2000, com a ajuda da sócia Solange Silvestre, elas fundaram a Centrallimp Facilities.
“Sou empreendedora desde sempre, nunca vi sentido em estar em um ambiente com regime CLT, e o vôlei me proporcionou a compreensão do trabalho em equipe, das vitórias e derrotas, da estratégia e, principalmente, do relacionamento humano e parcerias”.
Assim, a Campeã de Vôlei dos Jogos Abertos do Paraná entrou para o setor de Limpeza. Mas se engana quem pensa que Vera desistiu tão rápido das quadras. “Abandonei a carreira para me dedicar ao trabalho. Porém, continuei jogando até os 43 anos de idade, ou seja, apesar de empresária, joguei por 30 anos!”.
O que a Matemática, o Marketing e a Limpeza têm em comum? Para a empreendedora Tereza, tudo. Focada em “solucionar problemas” ela viu, ainda em 2003, que o mercado de Prestação de Serviços era a grande “solução” para empresas que tinham “problemas” com alocação de mão-de-obra para serviços.
Com o raciocínio lógico em ação, foi só juntar uma coisa à outra. “Minha irmã já tinha uma empresa e foi ela quem abriu a primeira porta, nos dando força para empreender”. Nascia a Heros Service.
A formação em Matemática e a pós-graduação em Marketing foram valiosíssimas na hora de colocar racionalidade e inovação para driblar os obstáculos que rondavam o negócio: a rotatividade alta de funcionários, as crises governamentais ou as questões trabalhistas. Mas, acima de tudo, foi o toque feminino que fez a diferença.
“Por ser um segmento muito masculino, as situações sempre exigiram grande jogo de cintura da minha parte, com uma necessidade maior de comprovar meu profissionalismo, um posicionamento firme como empresária ou até para enfrentar situações de assédio. O equilíbrio e a inteligência emocional feminina foram fundamentais”.
Carolina é psicóloga, com MBA em Gestão, fez cursos de Coaching e Competências, e passou dez anos em grandes corporações, até acumular a experiência necessária para assumir como CEO a Milclean, empresa de Limpeza fundada pelo pai.
Mas, talvez seu principal diferencial não esteja no currículo, e sim em fazer parte de uma “nova geração” feminina no comando da Limpeza.
“Sou bem mais jovem e isso faz diferença”, diz. “Somos da Era da Tecnologia e, na prática, isso significa um perfil para buscar inovação. Entendo, por exemplo, a importância de um sistema informatizado para integrar dados, da inteligência artificial, da robótica, da indústria 4.0. Por outro lado, minha geração também consegue lidar melhor com os mais jovens, as gerações ‘Y’ e ‘Z’, entender esse jovem que busca propósito e está vindo agora para o mercado”.
Para completar, hoje sua empresa possui 56% de mulheres no quadro de funcionários e a linha de comando no Brasil conta com mais mulheres do que homens. “Tudo isso oxigena, faz o mercado girar, ter novidade, se abrir e, o mais importante: une a gestão mais antiga, com toda a sua experiência, a essa geração mais jovem, que vem com a inovação e a tecnologia. Para mim, sem dúvida, o segredo é essa diversidade”.
Carolina é psicóloga, com MBA em Gestão, fez cursos de Coaching e Competências, e passou dez anos em grandes corporações, até acumular a experiência necessária para assumir como CEO a Milclean, empresa de Limpeza fundada pelo pai.
Mas, talvez seu principal diferencial não esteja no currículo, e sim em fazer parte de uma “nova geração” feminina no comando da Limpeza.
“Sou bem mais jovem e isso faz diferença”, diz. “Somos da Era da Tecnologia e, na prática, isso significa um perfil para buscar inovação. Entendo, por exemplo, a importância de um sistema informatizado para integrar dados, da inteligência artificial, da robótica, da indústria 4.0. Por outro lado, minha geração também consegue lidar melhor com os mais jovens, as gerações ‘Y’ e ‘Z’, entender esse jovem que busca propósito e está vindo agora para o mercado”.
Para completar, hoje sua empresa possui 56% de mulheres no quadro de funcionários e a linha de comando no Brasil conta com mais mulheres do que homens. “Tudo isso oxigena, faz o mercado girar, ter novidade, se abrir e, o mais importante: une a gestão mais antiga, com toda a sua experiência, a essa geração mais jovem, que vem com a inovação e a tecnologia. Para mim, sem dúvida, o segredo é essa diversidade”.
Matéria veiculada em: https://revistahigiplus.com.br/elas-no-comando-um-panorama-do-empreendedorismo-feminino-na-limpeza-profissional/